terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Deixar largar pensamentos

Gosto de dias introspectivos.

Gosto, e tenho sabido desfrutar, de chegar a casa estafado. Cansado. É trabalho! E entao, deixar mala cair, e repousar um bocado do dia.

O stress da época de exames tem saido um bocado. Os objectivos estão quase perto do perfeito. Falta uns últimos retoques, sempre com a fé que há sempre mais a fazer, mas que o caimnho está a ser feito.

Chamam-me louco. Dois amores. Agora que penso nisso... rio-me. É de loucos, tenho noção. Mas procuro nao pensar muito nisso: tanto na Matemática como na Música estou rodeado de pessoas fenomenais.

Pergunto-me se um dia terei mesmo que fazer uma escolha definitiva. Talvez. Duvido. Mas nao agora.

Revejo o que escrevi. Re-descubro a palavra "Fé". Relembro entao, para finalizar o meu dia e poder ir dormir, uma pessoa que me é tao especial, mas raramente a vejo: A Mae do David.

O David foi das primeiras crianças a quem dei catequese. Tinha eu na altura 15 anos (parecendo que nao, o tempo passa!), e lembro-me sempre da sua mae. Seriam cabo-verdianos? Nunca soube. Africanos, sem duvida.

Eles moravam longe. Sei que custava, todos os sabados, levantarem-se e rumarem à nossa Paróquia. Sei que sim.

Quando a catequese acabava, la estava a Mae do David. Nao me lembro o nome. Perdao. Pode parecer irónico, mas é verdade! Talvez nunca foi importante. Ainda tenho a imagem bem viva na minha cabeça.

E enquanto o David ia jogar à bola, eu ficava uns minutos à conversa com ela. Minutos que pareciam horas. Histórias. Eu sabia que o David ja nao tinha pai, e que ele, a mae e as irmas viviam nalgumas dificuldades económicas.

O que me fascinava na senhora? O seu sorriso. Tão sincero, caramba! Nunca houve um momento que nao estivessemos a sorrir. Nem quando falavamos de problemas. Tudo porque ela era assim: um poço de Fé. Mas aquilo transbordava mesmo!

(pausa)
Hoje gostaria de saber que eles estão bem. Ja nao os vejo há algum tempo. Creio que teram saido da catequese. Mas a Fé mantem-se, nao duvido. Ainda me lembro quando apareciam na missa da Catequese.

Ela entrelaçava as maos, olhava para o altar com uma alegria enorme. Bebia as palavras do Padre. E na comunhao, via-se que, mais que ninguem, dava outro significado ao que lá se passava.

E no fundo, era das pessoas mais simples que eu conheço.

Tenho que passar a levar as coisas com aquele sorriso.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Cha, mantas e sofá

Abri a porta do IGL (Instituto Gregoriano de Lisboa9. Era meia noite. Dei a volta à chave. Entrei.
A casa estava imersa num enorme silêncio. Nas escadas de acesso ao primeiro andar, a Laura (de flauta) e a Mafalda conversavam muito baixinho. Quando me viram, levantaram-se e disseram:

"Está toda a gente a dormir."

A Laura (Lopes) sorriu, agradeceu a sua ajuda , e enquanto elas se dirigiam aos seus dormitórios, nós fomos para a sala de alunos. Tinhamos acabado de vir de Alverca, onde haviamos feito uma surpresa ao Tiago Oliveira.

Sentámo-nos no sofá e ficámos em silêncio. Silêncio de cansaço. Apenas Presidente e Vice Presidente. E de repente, a Laura levantou-se e disse:

"'Bora ver um filme?"

"Agora? Mas amanha temos que acordar cedo! Ha trabalhos de ATC para fazer, sabes disso...", respondi, nao muito convicto do que dizia. E essa falta de convicção confirmou-se no olhar dela e consequente resposta:

"É so por isso?.. .. Entao nem te levantes. Vou ja buscar um filme. Ah!.. E queres chá?"

Chá? E porque nao? Haverá melhor bebida para uma noite fria?

E enquanto Laura ia buscar o suposto filme e chá, fui ligando a televisao, a aparelhagem, e saquei das famosas "crackers" gregorianas. Uma chegou para eu desistir de provar mais.

Puxei de um banco, para esticar as pernas, sentei-me completamente reconfortado. Laura chegou, com o chá e o filme, um qualquer que eu nao conhecia. Puxou de duas mantas, uma para cada um, e lá deixámos correr o filme.

Percebi, entretanto, que nem ela nem eu estavamos a ver o filme. Cada um divagava nos seus pensamentos. Eu, perdido de sono, tentava nao fazer-lhe a desfeita. Ela... ela eu sabia que tinha a cabeça noutro lado qualquer. Suspirou. Conheço aquele som.. aquele nao era de aborrecimento, era de preocupação.

Percebi, e pegando-lhe na mao, olhei-a com o meu ar mais sincero e disse:

"Vai correr tudo bem!"

Voltei-me para a televisao. Ela, balbuciando um "espero que sim", encostou a cabeça ao meu ombro.

Nao podia sair dali. Nao queria sair dali. Quero certificar-me que tudo corre bem, enquanto eu puder fazer algo. Um sorriso parvo, uma gargalhada, uma aula de ATC bem passada, mas quero fazer. Ha coisas que nao se explicam.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Preferi deixar o post sem titulo. Apenas deixo aqui as minhas duas actuações na audição de Educação Vocal da Professora Elsa Cortez, no Instituto Gregoriano de Lisboa, neste sabado, dia 17/01/2009.

A primeira música chama-se "Os meus olhos não são olhos":



A segunda intitula-se "As Flora Slept", e nao pude deixar de sorrir com a letra da musica, e com aquilo que passava na minha cabeça!:



Foi uma audição espectacular, que em breve estará disponivel no blog da AEIGL.

Fica a certeza de que os Falalalalala's tambem tem a sua piada, e que os meus nao sao olhos quando os Teus estão defronte.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Hoje desabafo Contigo, pode ser?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Santa Cruz

Hoje relembro-me das noites passadas em Santa Cruz, na casa de praia de uma amiga dos meus pais.

Talvez seja melhor relembrar-me tambem das tardes.

A viagem desde Lisboa era um voo. O jipe andava a bom ritmo, a rádio ia ligada na "Rádio Nostalgia", a minha cabeça estava caida para trás, e deixava-me adormecer pelas melodias que me eram, e ainda sao, tao familiares.

A casa ficava perto de uma falésia. Era um aglomerado de casas, atravessadas por uma pequena estrada que servia apenas de ligação entre elas. O mar estendia-se ao longe. Era uma vista sem igual.

A casa era simples. Tinha uma piscina em frente à sala, na qual se abriam as enormes persianas e o oceano ficava visivel mesmo do sofá. Em volta da piscina, um simples relvado. O relvado que se torna no meu centro de treinos futebolisticos.

Quando a noite aparecia, o frio tomava conta da zona, o mar deixava de se ver, mas as ondas ouviam-se, bem como se podia sentir o seu odor.

Sentava-me em cima do muro que dividia a casa de um descampado, agarrava os meus joelhos, e assim ficava. Sentado. Com um casaco em cima, nao havia frio que me apagasse.

Decidi la voltar. Agora. Estou no meu quarto, mas decidi lá voltar. Peguei no cachecol, no meu casaco mais quente, e sentei-me.

" 'Tás pronto?" , perguntou-me Jesus, abrindo a porta do quarto. Abanei a cabeça, fechei os olhos em sinal de aprovação. E quando voltei a abri-los, lá estava. Nao no mesmo sitio. Estava no tal descampado. A casa estava em frente.

E lá estava eu! Sentado, como de costume, em cima do muro. Aproximei-me lentamente. O Jesus tinha-me avisado que eu (ele) esperava-me. Que mais ninguem me podia ver.

Antes de o ver, nao pude deixar de olhar para o interior da casa. Lá estavam! Os meus pais, a Ana e o Paulo. Tão mais novos! Sorri, e avancei.

Estava nervoso. Eu estava nervoso , e nao percebia porquê. Avancei, encostei-me ao muro, ao meu lado estava... eu!

"Bolas, isto está cada vez mais frio!" , disse André, o pequeno, para mim. Ri-me. Tirei o meu cachecol, e dei-lhe. Aí, ele olhou para mim. Vi um sorriso a abrir-se na sua cara. Ficou estupefacto a olhar para mim.

".. Mas... Mas nao tens barba!", reparou-me, depois de tanta admiração.

"De vez em quando."
, respondi. "É que elas nao gostam muito..!"

"Elas?!", admirou-se ainda mais. "Elas quem? Mas tu tens mais que uma namorada? André... Eu nao quero ser assim!"

Aquilo estava a ser um comédia. Tanto ficava admirado de alegria, como desanimado. Dei-lhe uma palmada nas costas:

"Nem uma tenho. Refiro-me às tuas colegas do Gregoriano."

Pronto. Eu ainda me lembrava da cara de sofrimento que tinha quando falava neste assunto. Eu nao conseguia perceber na altura, e agora continuo a achar natural. Ele nao respondeu, mas percebi o desaparecer da felicidade. Olhou para a frente, pos a posição original. Disse-lhe:

"Nao faz mal, acredita. Sei que só te apetece sair de lá, mas nao vais. E agradece a Deus...!"

"Mas André.... tu sabes, tu passaste... por mim! Tu sabes o quao angustiante é la estar!"

"Entao e se eu te disser que por isso mesmo, digo que vale a pena lá ficar? Nao confias em mim?".

Riu-se. Que mais lhe poderia contar? Que o primeiro concerto a que ele ia estar presente ia ser Queen? Que ia ter um autografo deles? Que iria ser um sucesso o intercâmbio francês que ele ia fazer? Que ia seguir Matemática e Música ao mesmo tempo? Que ia passar a tocar com os escuteiros, todas as missas? Que um dia seria catequista? Organista numa paróquia que nao Carnide? Como? Como iria ele perceber isto tudo? E ainda iria ter que passar tanto tempo..

Quando nos encontravamos num momento mais de silêncio, eis que ele diz:

"Entao e eu vou conseguir .. ahum... como dizer... conseguir conquistar 'a nossa amiga' ? "

O olhar dele era intrigante. Nao percebi muito bem. Até que lá puxei um bocadinho pela memória e soltei um: "AHHHH!". E ri-me a bandeiras despregadas. A aflição e curiosidade com que eu tinha acabado de perguntar aquilo era fascinante.

Dei-lhe outra vez uma palmada nas costas:

"Isso ja nao te posso mesmo dizer. Apenas te posso dizer que vais ter que aprender melhor frances. Isso sim! "

André, o pequeno, estava com cara de parvo. Nao percebia a ligação. Mas fiquei com a certeza de que se sairia bem. Saiu. Aliás, sai-me bem, nao tenho duvidas!

Vi a minha mae, ao longe, mais nova. Chamava-me por mim.. quer dizer, por ele. André olhou para mim. Nao disse nada, mas o olhar dele era de certeza. Confiança.

Jesus esperava no outro lado do descampado. Cheguei, sentei-me. Perguntou-me:

"Entao? Alguma conclusão?"
Lembrei-me do Tiago, da Paula, da Cacao, do casal Oliveira. De tanta gente que aquele André nao conhecia, mas que um dia viria conhecer.

"Vale a pena sonhar, André, vale a pena!",
respondeu Ele mesmo.

Inclinei a cabeça. Quando a levantei, ja nao havia som de ondas. Nem o frio. Estava em casa.

Amanha é dia de levantar cedo. Ficou a visita a Santa Cruz. Renovada.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

"Are you changing?"

Levanto levemente a sobrancelha. Nao percebo, para ser sincero, o titulo que dei.

Nao posso deixar de me rir com a tua História. No fundo, sinto-me sinceramente como um simples espectador de cinema, que assiste a uma comédia romântica, que se revê um pouco na outra parte.

Fazes as coisas de uma maneira tao simples e com tao grande fé, que é impossivel outro resultado alem de sairem bem.

Deixo-te com uma música que tu bem podias ter cantado na noite de Natal.

A vida é bela, hem :) ?




P.s.: Um dia ainda hei-de fazer uma das cenas que aparece no filme. De certeza. Se o fizer, espero que venhas a saber!

domingo, 4 de janeiro de 2009

I have a dream!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009!


Notei um quase suspiro global quando 2008 chegou ao fim. Os casais presentes tinham razoes para suspirar, pois todos eles começaram em 2008 e será um ano marcante, claro.

Mas outras duas pessoas suspiraram de completo... alivio. Lembro-me quando o Manel chegou junto de mim, na varanda, e disse: "André, um abraço! Fogo pah, 2008 acabou!". Nao podia estar mais de acordo.

Nao sabia explicar porque, talvez agora ainda nao sei, mas a verdade é que nunca tinha esperado tanto para que um ano acabasse.

2009! Uma folha em branco! Pronta a ser escrita da melhor maneira. Pelo menos estou disposto a isso.

E começa com uma palavra. So uma, escrita com um certo sorriso. Escrita tal e qual como a palavra indica: Curiosidade.