sexta-feira, 25 de julho de 2008

Onde encontrar o Senhor?

Prometi este post quando os olhos ainda me pesavam, a cabeça ja nao funcionava bem, e quando olhei para trás e vi-te a dormir. Na altura Pedro riu-se e sugeriu-me que escrevesse, ali mesmo, o post. E com um caderno imaginário (cuja tinta nao prende muito bem e tenho dificuldade em decifrar o que, imaginariamente, escrevi) propus-me a tal tarefa.

Apercebi-me de uma coisa fantastica: nao temos horas de conversa, e no entanto ja te conheço há tanto.. tanto tempo. Provavelmente ainda andava de mao dada à minha mae, e ja sabia quem tu eras. Enfim.. crescer-se na mesma paróquia dá nisto!

Outra coisa fantastica foi o facto de querer escrever o post, nao porque estavas a dormir, mas talvez porque.. porque sempre achei que a nossa maneira de reagir nos grupos em que cada um está inserido é muito identica. Paro e tento perceber o que quero dizer, mas nao consigo. A energia inesgotavel... hum.. nao, é algo mais. Identifico-me. Assim está melhor.

Nesta altura o caderno começa a perder a tinta. Ja nao vejo bem o que escrevi. Pego no meu mp3, e ponho as musicas que me inspiram. Ah, olha..! A tinta re-aparece!

Lembro-me, ainda este ano, quando estavamos a conversar depois da catequese, e de repente perguntas-me: "Como é que achas que as pessoas se deviam casar?". O que me surprendeu nao foi a pergunta (talvez), mas o olhar de quem estava realmente interessada em ouvir o que tinha para eu dizer. "Eu? Nesta minha... juventude?!", pensei. Foi um momento raro. Nao que eu ache que as pessoas nao ligam nenhuma ao que eu digo. Mas sempre dei mais importancia à idade que nos separa, e achei que isso seria uma barreira para qualquer conversa credivel alem de "como vai a vida". Erro meu, eu sei.

Umas das coisas tambem engraçadas é que tenho alguem no meu curso que é muito parecida contigo. Nos oculos, na energia.. hum, cá está. Outro problema de expressao: sei que é parecida contigo, mas nao consigo perceber porque. Raramente a vejo, mas quando tal acontece, lembro-me de ti. Acreditas que isso me deixa com um sorriso na cara? Animo tantum bene cernimus.. So consigo explicar através disso. Por isso, sem termos horas de conversa e por muitas vezes as que temos sao pequenas e divertidas picardias, consigo escrever "tanto" sobre ti.

Ao remexer no caderno, caiu-me um papel que recebi no dia da caminhada do meu grupo de jovens, um dia antes da festa do Tó. A primeira frase dizia logo: "Onde encontrar o Senhor?". Se eu responder que tambem o posso fazer ao conversar contigo, seria estranho? Creio que nao. Tu percebes.

No fundo, ambos temos o poder de, em dias nublados, afastar nuvens. Devem ser dos nossos oculos :)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Pedro

Hoje, ao ler os posts que escrevi há um ano atrás, percebo o real significado do Lado-Oculto.

Percebo que as frases que o Pedro diz sao as mesmas que, passado algum tempo, eu próprio tambem diria a esse André.

Hoje, ao ler os posts que escrevi há um ano atrás, percebo que estava noutra... dimensão. Sorrio a pensar em tudo o que vivi. Perguntam-me se chegou ao fim. Sorrio outra vez. A minha história nao tem fim, nao há capitulos, e é tudo escrito na mesma página. Nao há paragrafos, e as frases aglomeram-se. Ha, somente, imagens.

A ti, Pedro..




...obrigado!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Apontamentos... ocultos


Sou teu aprendiz sem tu seres o meu mestre. Creio que percebes.

Nas alturas em que estava tao fraco que nem percebia o que devia fazer, falaste como se d'Ele se tratasse. E terá sido, sem dúvida.

Aprendiz de um "olhar" de amizade e de força. Aprendiz, nao de uma forma de vida, mas de uma maneira de abraçar a vida mais.. forte! Hoje so posso dizer... Obrigado!

Porque ambos temos Lado-Ocultos. Porque ambos escrevemos Apontamentos de histórias limpas.

Porque ambos saltamos de formas estrambólicas para a piscina...!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ser feliz


Aceitei. Quando a Ana Rita me perguntou se queria ir fazer voluntariado à Casa do Bom Samaritano, nao hesitei e respondi que sim, sem olhar a datas nem obrigações.

Partiria segunda de manha, e ficaria lá até quarta à tarde. Três dias que se revelaram três meses.

No domingo que antecida essa Segunda feira, à noite fiquei aprensivo. Comecei a pensar para onde ia, e comecei a ficar com o pé atrás. A tarefa nao ia ser fácil. Estaria a pedir muito de mim? Estaria preparado para dispor algo que nao sabia se tinha? "Veremos", conclui. Adormeci na certeza de que ia. E isso era, naquela altura, o mais importante.

Acordei na segunda disposto a ir ao encontro do que a Divina Providência me tinha para propor. Esqueci-me, claro, que no que toca à Divina Providência, tudo aquilo que nao faz sentido, de repente parece a coisa mais lógica à face da terra.

Encontrei-me cedo com a Ana e fomos apanhar a camioneta a Sete Rios. Depois de algumas peripécias e um "Voces pensam que os motoristas sao uns grandes palhaços...!" vindo do prórpio motorista para toda a camioneta, antes do inicio da viagem, la arrancamos, em direcção a Fátima. Virei-me para a Ana, no inicio da viagem e perguntei:

"Achas que estamos preparados?"

Ela sorriu, e respondeu que sim. No fundo ela tinha mais fé que eu de que tudo iria correr bem. Liguei o MP3, encostei a cabeça, e deixei-me dormir.

Quando chegámos, ficámos à espera da irmã Ana. Figura especial, esta irma. O seu nome é Irma Ana da Paz, e realmente é verdade: transborda paz da cabeça aos pés. Ainda é nova, e a sua companhia foi sempre um factor motivante para o nosso trabalho.

Chegados à casa, onde ja tinhamos estado a uns meses atrás, ficamos à espera da Luisa e da Mafalda, duas amigas da Irmã Ana. Fomos depositar as malas aos respectivos quartos, e enquanto elas nao chegavam, saquei de uma folha que o meu amigo Tiago Krug me tinha dado, para reflectir. Era acerca da passagem da Samaritana com Jesus, e a àgua. Li, pus as perguntas na minha cabeça, e fui-me embora.
Da esquerda para a direita: Irma Ana, Luisa, Mafalda
A ideia era as respostas se fossem encontrando ao longo do dia, com a ajuda das meninas. E assim foi.

Quando a Luisa e a Mafalda chegaram, vindas de Coimbra, fomos reconhecer os cantos à casa. A memória ainda estava fresca, havia sitios que ainda perduravam na minha cabeça. Terminada a visita, fomos entao ter o contacto com as meninas. Ao principio cai-se sempre no erro de ficar de pé atrás, mas nao vale a pena. Incrivel. Sendo nós os supostos "Saudaveis" e essas tretas todas, no momento da verdade somos nós que vacilamos perante alguem que estupidamente rotulamos de "inferior".

Foi diferente. Estavamos ali por causa delas, desse por onde desse tinhamos que superar esse... medo (?). E so ganhámos com isso! A partir daí os dias foram passados numa total festa.

A primeira actividade em que iamos ajudar era o almoço. Confesso que nao estava preparado, mas gostei. Numa das mesas, faltava uma menina e entao sentei-me no seu lugar, e fiquei a falar com as restantes. Eram conversas de descoberta. Nao se desenvolvia muito, mas falar do cozinhado, do dia e das actividades que elas iam fazer ja dava conversa para horas seguidas.

Descobri as suas estações do ano preferidas, enquanto pensava na qual era a minha. Descobri que havia uma menina que fazia anos no mesmo dia que eu, e descobri ainda muitas tem tarefas distribuidas ao longo da casa. Uma sintonia a rondar o perfeito. Porque a simplicidade era a chave.

A tarde de segunda foi dedicada ao ar livre, e fomos para uma pequena mata que ficava ainda dentro das "propriedades" da Casa do Bom Samaritano. Falámos, rimos, cantámos e até fizemos teatros com fantoches. Tudo numa boa disposição. Sem qualquer preocupação a pairar na mente. Apenas o que era essencial estava ali.

Outra coisa que reparava ao longo dessa actividade era o bem estar das funcionárias, a dedicação e alegria que emitiam. Era de louvar. Todos os dias ajudavam, e percebi que tambem aquelas meninas passavem a ser parte da sua familia.

A certa altura dei conta de um rapazito que nos andava a seguir pela casa toda. Vim a saber que era o Tiago, 8 anos, filho de uma funcionária. E enquanto estavamos lá fora, nao pude deixar de reparar na maneira como ele falava com as meninas: uma simplicidade e desembaraço sem iguais. Pareciam suas irmas, na maneira como falavam, embora tivessem idade para serem suas avos. "Vê e aprende", disse-me o meu lado-oculto. Sem duvida.

Era tambem à tarde que eu começava a desenvolver uma relação muito especial com uma das utentes! Rosa Helena de seu nome, o seu sorriso, embora ja carregado de idade, e os seus constantes abraços punham-nos sempre de riso e sorriso. A minha tarefa ao longo destes 3 dias era clara: faze-la conseguir decorar o meu nome! E nao foi tarefa facil. Aliás, creio que ficou por cumprir. Para ela, eu era o Miguel, e ponto final. Nao havia volta a dar. De tal modo que quando eu ia nos corredores e ela, numa das salas, me via, depressa se levantava e dizia: "Miguel, Miguel!". Mais um nome para eu acrescentar à lista!

Chegou o jantar, e com ele maiores doses de boa disposição. Cada vez estavámos mais á vontade, aquela casa estava a ser a Nossa Casa.

As perguntas que me tinham sido lançadas para reflexão faziam o seu efeito. Descobrir as respostas era factor de alegria. Na partilha que o nosso grupo fez ("Sister Anne", Luisa, Mafalda, eu e Ana Rita) fiz questao de o mencionar. Habituado às partilhas do meu grupo, foi-me muito interessante ouvir o que a Luisa e a Mafalda tinham para dizer.

Depois do nosso jantar, onde passei a descobrir um maravilhoso sumo de laranja chamado "Ika", o qual aconselho vivamente, fomos descansar para a entrada da casa. As meninas ja estavam na cama, e estavamos á espera da Irma Ana para irmos ao Santuário.

Depois de alguns acontecimentos tais como levarmos com um balde d'agua fria em cima vindo do primeiro andar, lá nos pusemos a caminho do Santuário de Fátima. A certa altura a Margarida liga-nos (membro do GJ), dizendo que podia ir ter connosco no dia seguinte. Era outra excelente noticia, quantos mais, melhor!

Chegados ao Santuário da Fátima, sentámo-nos no meio do alcatrao, e por ali ficámos a ver e ouvir o terço que ser rezava nas diferentes linguas, na capelinha das Aparições. O tempo está agradavel, nao havia vento, e a temperatura permitia-nos estar ali toda a noite, caso fosse preciso.

Ao nosso lado, o caminho para se fazer de joelhos era percorrido por alguns peregrinos, cujo esforço era evidente nas suas caras. Passado algum tempo, olhei de novo para o lado, e vi algo que nos tocou a todos do grupo: um casal jovem, possivelmente da nossa idade, fazia de joelhos o tal percurso. Ele estava de capecete no braço esquerdo, e encorajava a namorada, embora tambem lhe custasse, a seguirem caminho. Ficámos um bocado enbasbacados. Disse em voz alta: "Se eles voltassem e passassem por aqui a pé, até ia falar com eles..!". Nao sei porque, confesso. Apenas senti-me tocado pela uniao que eles representavam ali, naquele momento. A Mafalda riu-se, mas depressa admitiu que "eu nao estaria ali de certeza com o meu namorado!".

E assim foi. Passado alguns minutos, vimo-los subir. A Irma Ana vira-se e diz-me: "Olha, ali vao eles! Va, vai lá dizer-lhes qualquer coisa.". Respondi que nao, e ela insistiu dizendo: "Há oportunidades na vida que so vem uma vez...!". Dita daquela maneira, poder-se-ia fazer uma verdade palestra. Parei um milésimo de segundo a pensar nela, levantei-me num àpice, e fui ter com eles.

Ao chegar junto deles, disse-lhes sem hesitar que admirava a devoção que tinham e que saltava à vista, numa idade que sabiamos que nao era comum. Trocámos algumas palavras, mas acima de tudo, trocámos olhares. Olhares de quem percebia que nao nos conheciamos de lado algum, mas havia algo que nos ligava: Ele.

Ao sairmos, desabafei o quao marcado me tinha a imagem deles os dois, de maos dadas, a descerem de joelhos. Foi entao que a Ana Rita me disse das daquelas frases que me deixou...

Os outros dias foram mais do mesmo: Ajudar! Foram autenticas descobertas das pegadas de S.Francisco, culminando com o filme "Irmao Sol e Irma Lua" (noite de terça) (filme o qual é espectacular, muito graças à incomparavel beleza da actriz que fazia de Clara :P). A Mafalda e a Margarida dormiam na sala, mas o filme prendeu-me e nao deixou dormir-me. Fiquei surpreendido pela vida de Francisco. Gostei.

Era altura de fazer o balanço. No autocarro apercebi-me de que, enquanto for capaz de ajudar...

... enquanto souber abraçar para fazer sorrir...

... e enquanto tiver pessoas ao meu lado dispostas a fazer o mesmo...



... serei, de certeza, feliz!

domingo, 13 de julho de 2008

Agora preciso do Teu sorriso, do Teu olhar e da Tua voz.

E embora precise deles urgentemente, é bom saber que preciso!

Amanha parto, de mochila às costas, para ajudar. Sei que nao vai ser nada facil, talvez ainda nao tenha bem a proporção das coisas, mas uma coisa é certa: Quero ajudar.

Amanha parto, de mochila às costas, para reflectir. Teem sido semanas de aprendizagem intensa, quero restruturar tudo aquilo que tenho aprendido e definir novos rumos. Vai dar trabalho, mas como diz a Irma Ana, "ninguem vem a esta casa e sai igual."

Pedro ri-se ao ler esta linhas. Foi ele me que sugeriu aceitar a proposta da Casa do Bom Samaritano.

Cláudia estava nos seus braços, deitados sobre a cama, a sentirem o por-do-sol. Ela sorria tambem. No entanto, quando olhou para mim mudou as feições. Fazia-o para nao ter que dizer directamente o que queria saber.

"E agora?", perguntou-me. Entendi-lhe as palavras. Percebi a curiosidade e a leve preocupação.

Pedro, ainda antes que eu pudesse responder, disse-lhe, como se eu nao estivesse ali:

"O André será sempre o André. E isso significa tudo. Se hoje a terra é boa para semear, porque nao o será amanha? Se hoje a semente que deitas germina e dá bom fruto, porque nao o dará amanha?..."

Claúdia bebia-lhe as palavras, e eu pasmado fiquei. Pedro nada disse, apenas sorriu. Acho que ele sempre teve, e sempre terá, mais fé que eu. Mas para isso é que há... o lado-oculto.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Instituto Gregoriano de Lisboa

Houve um dia que sonhei, por momentos, que a nossa escola de música era tambem a nossa casa. Deixei-me envolver pelo sonho, construi uma história, e prometi que a iria escrever:


20h. Cheguei a Entrecampos. Saio do Metro lentamente, completamente estafado do dia. A casa, essa ainda nao se via, mas estava lá perto. Virei a esquina, e la ao fundo começava a deslumbrar-se. Fica no final da Avenida 5 de Outubro, e está no melhor sitio que podia estar.

Abro a porta. Os professores ja nao estao, as aulas ja acabaram. Hoje nao é o meu turno de estar a na cozinha a preparar o jantar, felizmente. Sim, o nosso internato é diferente: os alunos mais velhos ficam encarregues de tudo, inclusivé cuidar dos mais novos. Limpo os pés, e suspiro: "Lar doce lar.".

Os quartos, para quem conhece a casa, ficam no segundo e terceiro piso, cozinha e refeitório ficam no quarto. Ainda no rés-do-chão, fui ter à sala de Alunos. Entrei. Estava lá o Luis, o Jorge, a Magui, o Grilo e algus miudos do básico. Grunhiram um "boa noite", e continuaram de olhos pregados na televisao. Fui-me embora.

Quando fechei a porta, ouvi alguem a tocar piano. "A esta hora?", pensei. O som vinha do salão, e foi para lá que me dirigi. Abri a porta, e estava la o Pedro Damásio, a Bea, a Ana Spencer e claro, mais alguns miudos, todos a discutirem freneticamente as suas músicas de piano. Mal entrei, o Damásio virou-se e disse:

"André, isto nao é zona para ti". , disse com um sorriso de gozo.

"Eu sei, é abaixo da minha qualidade." , respondi com o mesmo sorriso. Era bom estar de volta a casa.

Antes de ir ver como estava a preparação do jantar, subi ao segundo andar. O meu quarto ficava por lá. Como era aluno do 8º grau de instrumento, tinha direito a quarto so para mim. Deitei-me na cama, barriga para cima. Nao havia nada melhor do que chegar aquela casa depois de um dia estafante. Descansei 5 minutos e, upa, está na hora de ir ver como estao as coisas!

Subi ao quarto andar, entrei na cozinha. Hoje estavam encarregues a Laura, a Margarida, a Ana Gomes, a Maria e a Fatinha.

"Ui! Isto hoje vai sair uma delicia", disse-lhes enquanto cumprimentava e sentia o agradavel cheiro do cozinhado.

"Comblé, camandro!", soltou a Ana. Certas expressões nunca tiveram significado próprio, sao apenas usadas porque... sao as nossas expressoes!

"André, temos que avisar o stor Ricardo que este fim-de-semana temos que fazer mais compras, estamos outra vez a ficar sem nada na dispensa.", dizia-me a Laura sem tirar os olhos da comida que confecionava.

"Mais compras? Mas entao alguem anda a devorar a dispensa à noite, ou coisa assim. Ainda na semana passada fizemos compras para... hum... duas semanas...!", respondeu a Fatinha. "Temos que ter mais cuidado com os miudos, tenho o pressentimento que ás vezes nos desleixamos para eles. E como dormimos no 2º piso, eles nao teem dificuldade nenhuma em cá chegar..."

"Entao vamos por o Alberto a dormir em frente à dispensa, assim os putos ja nao tiram nada."
, sugeriu a Ana, na bricandeira.

Rimo-nos todos da situação, imaginando o Alberto, aquela torre, a dormir em frente à dispensa.

"Bom, entao alguem tem que tratar de falar com a direcção mal possa. Amanha saio cedo, tenho estudo no IST por volta das 8. Alguem fica em casa?"
, perguntei.

"Amanha vou ter que ficar a estudar para um exame, portanto acho que posso ficar encarregue disso.", respondeu a Maria.

Sai da cozinha em direcção a um pequeno estúdio que se situava no sotão. La dentro estava o AndreBa, o AndreLo e o Tiago Amaro. De auscultadores nos ouvidos, descansavam e aproveitavam o sol que entrava pela janela.

"Lourenço, nao eras tu hoje encarregue de por a mesa, com mais alguns miudos?", perguntei.

"Oh André, pah... primeiro, nao chames Lourenço... segundo.. trabalhas é demais... tem mesmo que ser? Mandem os putos... ... pronto pronto, daqui a 5 minutos ja vou por", respondeu-me. Ainda agora quando escrevo isto, tenho alguma dificuldade em imaginar o André Lourenço a por uma mesa para mais de 30 pessoas :P

Desci as escadas. Agora era aproveitar até que nos chamassem para jantar. Era sexta-feira, o pessoal ia todo sair, tinha calhado a mim ficar nessa noite a tomar conta da casa. Fui de novo para o quarto descansar.

Habituado a ir para o meu outro quarto, que partilhava com o Tiago Oliveira, entrei de rompante e deparei-me com ele e a Ana Raquel a conversarem.

"Anda bem que te vejo", disse o Tiago, "Queres amanha ir tocar a um casamento a Alverca?"

"Até ia, mas amanha tenho que ir estudar cedo para a faculdade."

"Amanha?! Mas amanha é sabado! Vá, estudas noutro dia", tentava convercer-me a Ana.

Cedi. Sempre gostei imenso de tocar com eles, impossivel de recusar.

Enquanto conversavamos, ouvimos o habitual: "JANTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAR!", que se gritava pelos corredores, na hora de ir para a mesa.

Era o reboliço do costume. As portas dos quartos abriam-se, o pessoal subia as escadas e reunia-se no agradavel refeitorio.

"Ora bem.. música para hoje?", perguntou o Joao Pedro.

A parte das habituais sugestoes como "D'ZRT" ou "4Taste", lá se escolheu Tchaikovsky, e o jantar começava. Porem, antes de se atacar o delicioso prato confecionado, era hora de agradecer.

"André, vá, faz lá a tua habitual rúbrica", pediu o Ricardo.

Levantamo-nos. Disse umas quantas palavras sonantes, e prontamente nos sentamos, a fome ja se fazia sentir.

A meio do jantar, houve-se uma voz grossa a pedir ainda no corredor: "AINDA HÁ COMIDA PARA MIM?". Era o Manel, chegava tarde mas a tempo de devorar, ao seu bom estilo, tudo o que havia sobrado e possivelmente ainda ficaria com fome.

Acabado o jantar, outra equipa foi escolhida para lavar a loiça, levantar a mesa, enfim... deixar tudo pronto para o dia seguinte.

Passado algumas horas, metade do IGL ia sair para a noite. Como tinha que registar quem saia, quem ficava, la me fui meter à porta.

Manel, Teresa, Laura, Baleira, Andre Lourenço, Ana. Primeiro grupo saía.

Depois passaram tao agarrados que nem me viram nem disseram aonde iam, o Tiago e a Ana Raquel.

Passado alguns minutos, Maria, Fatinha, Mariana Cardoso, Mariana Martins, Verónica, iam-se juntar ao casal que tinha passado.

Ricardo, Afonsos, Magui, Carolina iam dar um passei ali perto.

Sexta era assim. Uma dor de cabeça para quem ficava a controlar, uma diversão para quem saia.
Fechei a porta. Ouvia-se o silêncio. Sabia bem.

Depois de ter dado ordem aos miudos do básico para ir deitar, ja eram horas, a casa ficou totalmente vazia. Por mim ainda passou a Bayley, e ao nosso bom estilo sugeri-lhe que pussessemos cruelmente os putos a lavarem a casa toda com uma escova de dentes. Rimo-nos maliciosamente e tambem da estupidez da ideia, e ela tambem saiu, esqueci-me de anotar com quem ia ter.

Brutal. Assim se descreve aquela casa. Sentei-me nas escadas que davam ao primeiro andar, zona das salas de aula, e pus-me a pensar naquilo que representava para nós. Costumamos dizer, e é verdade, que ja nem nos vemos sem esta casa. Isso é bom. Mais engraçado é ver todos a abandonarem o que fazem para seguir Música, para nos dedicarmos ao que esta casa se dedicou a fazer-nos.

Enquanto subia e descia a escadas, ia falando ao telefone, bons hábitos que nao se perdem. O Verão está aí à porta, e o mais um bom ano estava a passar.

5 da manha. O ultimo grupo chegava. Era a "Rainha do Mundo", como simpaticamente chamo à Laura, mais a sua "Realeza".

"André, pah.. coiso... cenas. Obrigado! Desculpa termos chegado tanto tarde, mas ... pronto.. cenas.", disse-me.

"Vá, vai la... (bocejo)... deitar-te, eu tou a morrer de sono.". e subi as escadas em direcção ao meu quarto.

Deitei-me, apaguei a luz. Mais um dia. Vai deixar saudades.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Repetições

Ao caminhar, olhei. Sorri. Desviei o olhar. Passado instantes olhei de novo. Havia alterações.

Desviei o caminho. Olhei. Dentro de mim, sorri de novo e senti a chama a inflamar como sempre.

Continuei o caminho. Olhei para trás. O sorriso desvanesceu, a chama queimou mesmo, o olhar ficou incrédulo.

"Estavas à espera do que? Que fosse tudo um mar de rosas?", perguntou-me o Delavid.

sábado, 5 de julho de 2008

Retiro

Em conversa com o meu Grupo de Jovens, que inflizmente continua sem nome, foi-nos "oferecido" uns dias de voluntariado na casa um fizemos o nosso retiro à uns meses atrás, a Casa do Bom Samaritano, em Fátima.

Aceitei logo, mas tambem por outra razao: vou em reflexão. Vou para o Voluntariado, mas sabendo que a Casa é ja "fora" de Fátima, e num local muito sossegado, gostaria de reflectir.

Nao costumo falar muito concretamente acerca do Lado-Oculto com as pessoas (salvo raras e boas expeções). Mas há bocado surgiu-me esta ideia:

Quem quiser pode deixar neste post um comentário com uma passagem da Bíblia que goste, e umas perguntas para se reflectir acerca dela.

Muito muito Obrigado!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

"Abre a mão"

Nao sabia o que fazer. Percebi que Tiveste que interferir.

Senti a Tua mao no meu ombro, e a Tua voz a dizer-me: "Abre a mao."

A mesma que me disse: "Entrega-te", diz-me agora: "Abre a mao."

Deixei libertar.

Olhei para Pedro, limitou-se a curvar a cabeça em sinal de apoio.

Porque? Porque tive de abrir a mao? Porque tive sequer de fecha-la?

Tens algo na Tua manga. Faço disso aventura. Tu sabes que sim.

E sei, tal como Tu sabes perfeitamente, que Estas a esconder algo.

É aqui que a aventura começa de novo!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Guerras


Estamos cansados de lutar. Quando tudo ja parecia certo, outra vez atacam pela calada: um despacho rápido do Ministério visa deixar os alunos mais velhos do I.G.L a estudar na rua....

Nao paramos. Sorrio ao ver-nos unidos, "velhos" e novos, garantidos ou nao, por uma causa.. nobre!