sábado, 30 de agosto de 2008

Sporting


Nao esperava escrever aqui acerca do Sporting, até que me apercebi que tem tanto de Oculto como o resto.

É uma paixao. É indiscritivel. Ouvir ou ver o Sporting a jogar é paralisante. Lembro-me quando era muito mais novo, talvez 9 ou 10 anos, e a febre do verde começava forte em mim. Sempre fui fiel às cores leoninas, mas so a partir dessa idade soube apreciar melhor. Quando o Sporting jogava, e eu supostavamente ja devia estar a dormir, tirava um velho radio da gaveta, punha-o ao lado da almofada, e ficava a ouvir até o jogo acabar.

Lembro-me de vestir a camisola do Peter Schmeichel, para cada jogo que dava na televisao. Ficava sentado no sofá, completamente embrenhado em cada jogada.

Lembro-me quando ganhámos os dois campeonatos, e a sensação que era. Mas lembro-me tambem quando num desses anos, perdemos a Taça de Portugal para o F.C.Porto, e fui-me deitar completamente lavado em lágrimas.

São histórias que fazem rir pelas figuras, pela raiva e alegria. É um fenomeno curioso. Cada golo é.. nao sei. É estranho, porque parece sempre que nunca tinha visto o Sporting a marcar um golo.
Lembro-me quando, ainda há 2 semanas, o Sporting jogava a Supertaça contra o Porto. Eu estava num jantar na Fajã, e consegui "desligar" do jogo. Perto do final, fui à carrinha ouvir o resultado final. Quando ouvi o 2-0 para o Sporting, sai, ajoelhei-me, e agradeci com os braços para o ceu. Figuras um bocado ... estranhas, mas é assim!

E quando vejo o verde a derrotar o vermelho? Ui!

Nao há nada como o Sporting!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Faro, 29 de Agosto de 2008:

Deverei dizer "boa noite", ou isso é escusado? A esta hora ja voces estariam a dormir, mas agora duvido que o estejam a fazer, estando eu e o Miguel enfiados na sala, de comandos postos na mao, a fazer os nossos interminaveis jogos de PS2.
Agora que penso melhor, o "Verão" está a acabar. Surge-me, entao, tudo o que fiz neste Verão e queria partilhar convosco. (Embora logo a seguir me pergunte porquê, visto que sabem melhor do que ninguem o que eu fiz.)
Acima de tudo, sei que foram meses diferentes do habitual. Pelos locais, pelas pessoas, pelas actividades, pela disposiçao. Claro que sabe sempre bem voltar cá. Acima de tudo, sinto-me daqui, desta casa, desta cidade, deste sotaque e viver.
Diziam os alemaes, nao sei se perceberam, que estranharam-nos ao inicio, porque eramos muito sorridentes. Ficámos um bocado surpresos, mas depois apenas dissemos que... so tinhamos "razoes para sorrir".
Chego ao final destas férias so com "razoes para sorrir". E com uma energia renovada, ou lá o que é isto que sinto.

Nao sei se vai ser um ano fácil ou nao. Sei que vou poder dar o que posso dar. Pelo menos tenho a certeza absoluta que é isso que voces querem, e ainda gosto de concretizar alguns dos vossos sonhos, aqueles que estiverem ao meu alcance.
Daqui a um ano, voltarei a estar neste clima de noitadas, PS2, etc... e sei que vai ser outro Verao diferente. Assim como o do ano passado nada teve a haver com o deste, sei que vai sempre mudando.

Fica a garantia de que tudo vai correr bem. Nao sei bem como, mas sei que vai.
Entretanto, estou com uma fome de panquecas enorme. E nao decorei bem a receita. Uma das resoluções para este ano devia ser "aprender-a-cozinhar-decentemente", mas creio que que vai ter que esperar.


A rua está vazia, nao oiço barulho nenhum. É brutal estar aqui.

É brutal estarmos aqui.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Praia do Norte



Tentei escrever este post de 1000 maneiras diferentes. Procurava descrever o que vivi em 14 dias inesqueciveis, mas nao consegui. Acho que tal acontece porque a aventura ainda nao acabou. Escolhi a fotografia de cima porque lembro-me bem do que estava a sentir. Era ja tarde, via-se o por do sol ao longe, e iamos ter jantarada na Faja. E depois ainda iamos sair. Conheço aquele sorriso, e sei que quando o faço, é sinal de que está tudo acima do optimo. Mas por agora, ficam os agradecimentos.


Obrigado...

...ao Bruno, ao Tiago, à Susana, ao Carlos, ao Senhor Serafim e à Dona Alice. Ao nosso "quarto", à casa da Praia do Norte, à casa da Fajã. Á Semana do Mar, aos Asher Lane e às luzes neon. Ao fogo de artificio, e ao telemovel que caiu ao mar ( e ao Alcatel rasca que o foi substituir ). Á carrinha que nos transportou para todo o lado, aos Cabeços que subimos e às praias que descemos. Ao Peter. Á TAP e à gentil e despechada senhora da TAP. Ao Pico e à inesquecivel prova viva de sobrevivencia no topo do Pico. Ás placas que fizemos, à moldura que construimos. Ao telhado que limpámos. Ao chao novinho em folha que fizemos. Ás vacas a quem tirámos o leite. Aos adormeceres ao som das mensagens de boa noite, e o acordar com a luz do sol a entrar pelo quarto. Ás mousses e ao Sr.Castanho. Á Erica Azorica e às plantas endérmicas. Ao "Ena pah... tenho lama nos meus sapatos". Ao dedo mindinho esticado. Á Paula, ao Joao e à Joana. Á Sagres em tom ucraniano. Á poderosa Angelica. Aos nossos amigos Chris, Jörg e Judith. Ás discussoes acerca da verdade do cristianismo. Ás "monkey business". Ás noites passadas na procura incessante de estrelas cadentes. Á Ana, Catarina, Ana Lusia, Brigite, Romeu. Á Elsa e Jessica. Ao Padre Joao e á sua incomparavel homilia. Ao ensaio que tivemos. Ao Professor Mamadu e ao Professor Bambu. Á Cacao. Ás gargalhadas que demos. Ás ondas que apanhamos. Á testeira e belica. Aos inhames. Á descoberta da Natureza. Ao Tianbru. A Ti, claro.

sábado, 23 de agosto de 2008

Paula, Joao, Joana e Jesus

Ainda estou tocado com o que me disseste. Guardo as tuas palavras com um carinho especial. Se vos pedisse para o Pedro de Arimateia, o meu anjo de guarda, passasse a ser o anjo da guarda da vossa familia, deixariam?


O teu olhar, Paula, é d'Ele. O teu sorriso, humor e alegria, Joao (Parabens, ja agora!), são d'Ele. E tu, pequena Joana, cresces no centro de tanto Amor, no melhor local onde poderias crescer.


Quero poder olhar para e por voces. Fica a certeza que vou voltar. Porque parte de mim tambem ficou convosco. Com toda a alegria e amor que isso significa.

Acabo de escrever, e Pedro encontra-se atrás de mim. Está sentado, e chora.

"Porque choras, Pedro?", perguntei.

Fez um sorriso. Percebi. Fez o mesmo sorriso que eu faço ao olhar para as vossas fotografias. O mesmo sorriso quando entrei na vossa casa, o mesmo sorriso quando vos vi a entrar pela garagem do Bruno, o mesmo sorriso enquanto cantavamos às 4 da manha, o mesmo sorriso que sei que vem dalgo que nao eu.

O Nosso sorriso. Estarei sempre convosco!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Amar


Sem saberes, subiste comigo ao Pico, ao Vulcao dos Capelinhos, desceste à Caldeira, viste as 2 únicas estrelas cadentes que consegui ver, fizeste comigo 1001 coisas que julgava impossivel fazer.

Nao vale a pena ligar-te a dizer que o fizeste. Sabes da nossa capacidade de falar sem telemovel, a capacidade de saber quando estamos a pensar um no outro sem falar, essa ligação estranha que mesmo apos isto tudo... continua.

Nao sei se quiseste fazer isto tudo. Seria ingenuidade minha pensar que sim. Mas fizeste-o.
E quando chegava a noite, e me estendia ao comprido, deixava livre o meu braço. Nao sei se o agarraste. Mas terás, de certo, ouvido o meu "boa noite".

Porque há coisas que nao se explicam... apenas existem!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Cacao

Era meio dia. Eu e o Tiago estavamos a tomar o pequeno-almoço.

De repente, enquanto eu estava embrenhado nos meus pensamentos, oiço o Tiago a dizer com uma voz muito preocupada:

- Tenho uma má noticia, André..!
- Mau... o que é que aconteceu?
- Olha.. olha o que fizeram à Cacao.

E mostrou-me isto:

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Linhas

O Bruno e o Tiago ja dormem. É uma da manha, e nao tenho sono. O nosso enorme quarto está mergulhado na escuridao, apenas surge esta luz forte do portatil. Nao tenho sono, e mesmo que tivesse, nao queria ir dormir.

O silêncio permite ouvir uma respiração mais detalhada. Nao quero ir dormir.

Hoje, na missa da Praia do Norte, na ilha do Faial, o Padre Joao gesticulava fortemente os braços na homilia. Estava empenhado no que dizia, e nao pude deixar de lhe seguir o pensamento. A certa altura, ele exclama:

"Porque nós todos, muitas vezes, temos uma fé infantil..! Quantas vezes me veem senhoras e senhores a dizerem que rezaram muito e pediram muito e nao sei mais o quê, e como nao aconteceu o que eles queriam, entao deixavam de acreditar Nele"

As horas nao permitem uma fiel reprodução, mas terá sido muito por volta disto. Foi uma ideia que me tocou bastante. "Fé infantil". Tocou-me na maneira como por vezes tambem deixo de acreditar tao facilmente. Tocou-me porque revi-me logo na figura retratada pelo Sr.Padre.

Por coicidencia (?), hoje à noite tivemos a agradavel companhia do Padre Joao ao jantar, na casa de praia da Faja, um pouco mais abaixo aqui da aldeia da Praia do Norte. Enquanto a familia ia conversando com os dois seminaristas tambem convidados, aproximei-me do Padre Joao e agradeci-lhe a homilia que tinha dado. Expliquei-lhe que quando um jogador de futebol joga bem, é noticia na primeira pagina, logo... quando um padre fala e nos toca, tambem o deviamos reconhcer. Ele sorriu imenso, olhou-me e disse:

"Muito obrigado, André! Sabes... todos nos temos muitas vezes uma fé infantil."

Lembrei-me entao de uma frase que eu tinha dito ao Tiago, ontem, durante uma das nossas viagens entre Horta-Praia do Norte: "Deus escreve direito por linhas tortas".

Acho que é isso que dá a "piada" ao estilo como Deus actua. Se tudo caisse do ceu, de nada valeria lutar, e seriamos todos uns "encostados à poltrona". Percebi que nao é facil seguir o caminho, sabendo que uma queda ou recuo ou algo parecido significa sempre um avanço ainda maior. Temos, ou tenho, a tendencia a desistir ao fim da queda, e pensar que so vale a pena ficar quieto no meu lugar. Ter fé infantil, é, afinal de contas, tao simples.

Antes de eles dormirem, comentámos que andavamos a orar muito pouco, para uma tripla como esta. Aqui fica, entao, a nossa oraçao desta noite:

"Senhor,

queremos-Te seguir,

construir a nossa casa sobre a rocha,
sorrir ao estranho que passa,
na certeza de que tambem Estás lá.

Para que no meio do mundo dos Franciscano
s nos dês certezas...
... para que no meio do mundo dos engenheiros biológicos nos dês confirmações...
... para que no meio do mundoo dos matemáticos nos dês resultados...

Oramos-Te"


quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Imagens

(Vulcao dos Capelinhos - 2008 )

"Nada se pode comparar a um amigo fiel, e nada se iguala ao seu valor. (...) O que teme o Senhor terá tambem boas amizades, porque o seu amigo será semelhante a ele". (Ben Sira 6, 15-17)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Faial


É de manha. La fora está um nevoeiro que nada nos permite ver. Tempo de alterar planos, embora nao se perca a magia de cá estar: nos Açores. No Faial. Esta ilha, descobri, afinal tem quase tudo o que eu jamais pensara que nunca poderia encontrar.

Ontem à noite o Tiago disse-me o lema: "What happens in Faial, stays in Faial!". Rimo-nos da frase, das situações às quais ela se aplica, a podermos partilhar momentos únicos.

Ainda falta tanto para acabar, e isso sabe bem. Por mais que agradeça ao Bruno (aka Frei Bruno) nunca chega.

Sao tempos inesqueciveis.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Entre poeira, terra, montanhas, luzes..

Seria uma semana perdida se nao tivesse decidido pegar nela: como todos os verões, eu ia para uma terra fronteiriça, em Trás-os-Montes. Uma pacata aldeia, a qual sabe sempre bem visitar para fugir à rotina/barulheira da cidade.

Sera uma semana perdida se nao tivesse decidido que isso so dependia de mim. Nao iria ter lá alguem (amigos) pois o grupo que lá se reune desencontrou-se. Apenas eu, com as minhas tias. Agora (enquanto escrevo) reparo que foi isso que fez a diferença: decidir que podia fazer daquela semana, uma semana diferente.

Quando, no sabádo, olhei para o despertador e este apontava 5:40 da manha, nao resmungei: ia fazer algo diferente. Apanhar batatas. Digno de qualquer expressao que nao tenha a haver com o seu real significado, foi isto mesmo que fiz numa manha de sabado, para a qual tive que acordar muito mais cedo que alguma vez fiz. Mas lá está: era algo diferente. Poder conduzir um tractor, sozinho, enquanto via o nascer do sol e saltava constamente, pois o caminho era muito mau, é algo diferente. Nao pude deixar de sorrir. A certa altura, uma das senhoras que estava connosco perguntou: "Entao André, quando trazes amigos para virem fazer o mesmo?". Lembrei-me logo do Migas. Imagina-lo a acordar cedissimo, a resmungar, mas ao mesmo tempo a rirmo-nos que nem uns perdidos enquanto o tractor saltava e saltava. Migas, se vires isto, fica descansado. Nao faço intençoes de te pressionar a ires apanhar batatas.

Relembro agora o último domingo que lá passei. No dia a seguir iria de autocarro de volta para Lisboa, e como a viagem é muito cansativa, costumo deitar-me muito tarde, para depois ir a dormir a viagem toda. E resulta.

Peguei entao numa cadeira de encosto, regulei aquilo para ficar estilo cadeira de praia, peguei num cobertor, e sentei-me na varanda. Á minha frente tinha uma paisagem única: Espanha enrugava-se em montanhas. Embora nao conseguisse ver, o Rio Douro separava-nos, lá no fundo. Era de noite, e ao longe viam-se as aldeias espanholas iluminadas, pequenos algomerados de casas que se destribuiam ao longo da paisagem. De vez em quando, via-se algumas luzes brilharem no meio da escuridao: eram carros que faziam viagens, de aldeias para outras aldeias.

Lá no alto, o céu estendia-se ao comprido, preenchido por pequenas estrelas. Tentei decifrar algumas constelações, mas depois reparei que chamava "Ursa Maior" a tudo o que visse e que me lembrasse que era constelação.

Liguei o mp3 e pus-me a ouvir as músicas que Alguem me tinha cedido. Ficaria ali a noite toda. Reparei entao na estrela que mais brilhava no ceu. Nem tinha que mexer a cabeça para a ver, estava quase à minha frente. "E se fosses Tu?", pensei, "Porque nao?". E comecei ali uma conversa em que ninguem se calava. Ora eu, ora Ele. "Chamar-me iam maluco, se me vissem.", pensei. E nesse momento alguem falou ao meu ouvido:

"Sabes que não..!", respondeu Pedro. Estava envolto num robe. Sentou-se ao meu lado, no chao, e contemplou a mesma estrela.

"Onde será que ela está agora? Será que está acordada? A sorrir? A fazer loucuras? Será que já dorme?...", perguntei em voz alta.

"Hey hey hey hey hey, amigo!... ... Ela?... Ela quem?", perguntou-me com um ar muito surpreendido.

"Nao sei... Ela! Quem quer que ela seja.." , respondi. Percebi a estupidez da minha resposta, mas o meu lado-oculto nao me popou um (merecido) sermão.

"Estás a pensar nisso outra vez? Mas és ... maluco, ou que?", disse-me num tom de voz mais bravo. Levantou-se, debruçou-se na varanda, olhou para a estrela e depois olhou para mim. "André.. nao é preciso preocupares-te com isso. Nao precisas de estar sempre a entregar-te a alguem. Ja pensaste porque é que nao te entregas a Ele?", e apontou para a estrela.


"Talvez porque isso seria radical de mais. Nao sei.. quer dizer... tu percebes... isso sao coisas que nao se decidem hoje e agora."

"Apenas queria que tomasses isso como outro caminho."
, disse Pedro, enquanto saia.

Voltei a ligar o Mp3. Pus-me a pensar (outra vez), e é verdade. Certas alturas na nossa vida estamos preocupados, numa bifurcação, sem saber para onde ir, porque temos medo das duas opções. E depois há outras alturas na vida, em que afinal estamos numa bilifurcação (uma furcação com muitos caminhos de escolha), e as opções sao todas excelentes e positivas. Percebi que estou +/- por aí. Nao cheguei ainda lá, mas ao longe consigo-a ver.

A estrela nao parava de brilhar. E a musica, numa voz feminina, sussurrava-me:

"Haja o que houver, eu estou aqui. Volta no tempo, meu amor. Volta no vento, por favor."


"Sem stress", pensei. "Já ca estou". Sorri, fechei os olhos, abracei-te e adormeci. E a estrela ainda aparece todas as noites. Tenho a certeza que nao irá sair de lá.