sexta-feira, 6 de junho de 2008

Pedaços de "Eu"

Percebi que este blog tem tido uma importancia fulcral para mim: é quase um registo de todo o que senti ao longo do ano, e isso ajuda-me a reflectir e a perceber como estou. E claro, estou muito melhor. Sem me dar conta, inumeras situações recompuseram-se, e aos poucos, vou voltando ao que me habituei ser. E isso é bom.

No outro dia, fui ver o filme:



Ahhh.. Nada sabe melhor que ver um filme com o qual me identifico, por alguma razao. E este foi um deles. Basicamente, Ben Campbell (estudante do MIT), conseguiu entrar para medicina, em Harvard. Contudo, a "estadia" é muito cara, e a única solução será a bolsa. Para conseguir essa bolsa, durante a entrevista ele tem que mostrar porque merece a bolsa. E entao ele conta a sua história:

Da primeira vez que foi à entrevista, nada tinha para dizer. Desanimado, e a precisar de dinheiro para pagar Harvard, Ben é convidado a entrar numa equipa secreta do MIT, liderada por o seu professor de Equações nao Lineares, onde participam 4 alunos, um dos quais é uma famosa rapariga, linda e maravilhosa, a mais bonita de toda a faculdade (tinha que ser.. ao bom estilo de filme americano :P). A equipa desenvolveu um metodo ja existente para ganhar no Blackjack. Ben recusa, mas passado algum tempo, acaba por aceitar.

Entao, todos os fins-de-semana, a equipa vai para Las Vegas, muda a sua identidade e preparam-se sempre para ganharem rios de dinheiro. Bom, o resto da história deixo para voces saberem, eu gostei imenso do filme e aconselho.

Identifiquei-me. Com a nerdice. Com a maneira como usa a matemática. Com a curiosidade.
Mas o que mais me surpreendeu foi o uso da Matemática. Nao o seu uso prático, mas a maneira de como ele a encarava. Para ele, era apenas mais um metodo, sem duvida O metodo. Era ajuda, e no entanto, essencial. No seu caso, no Blackjack, para mim, na música. Para ele, nao se podia enganar nas simples contas que fazia durante o jogo, para mim.. nao posso estar a tocar sem sentir que encaixa, que é proporcional a algo, que ... soa a numeros a somarem-se.

Quando começo a tocar, se as notas nao se encaixarem como um simples conta de 3+4=7, nao é musica. Algo está errado. Assim como se eu estiver a resolver um exercicio Lógico, se nao houver musica e harmonia no meio das contas, algo está de errado tambem. Nao sei explicar, e no entanto, ja é tao comum.

Aos fins-de-semana, Ben passava de um simples estudante de MIT, para um grande jogador de Blackjack, dos casinos de Las Vegas, local onde tinha adquirido grande reputação e estatuto. Nao posso mentir: tambem por vezes me sinto assim. E amanha vai ser outro dia assim: quando me sentar para tocar a minha peça, adquiro uma importancia especial. Cada gesto é vigiado, murmurado, cada pose é analisada. O meu nome vai estar escrito no progama: "André Ferreira - Concert Piece", e as pessoas vao ter uma leve curiosidade em saber: "Quem?". Cada nota é interpretada, e toda a sua sequencia é criada na expectativa de algo.. poderoso. Deixo de ser eu, para ser Eu. Nao porque o queira, nem que o seja quando estou fora de concertos, mas isso é algo que me trasncende. E sabe bem. As notas, ao soarem, apagam a minha idade. O meu olhar deixa passa a ser mais semicerrado, a pose mais curva. A peça acabará. E quando sair, volto ao normal. Mas sabe bem esses instantes.

Alguns pedaços meus sao dificeis de conhecer. Sao precisos momentos próprios, talvez nao forçados, e eles la estarão, a mostrar-me ainda mais fundo do que ao que sou.

E sei como quero usar isto tudo: como instrumento Teu. Ja viste o desfecho :) ?

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