segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Linhas

O Bruno e o Tiago ja dormem. É uma da manha, e nao tenho sono. O nosso enorme quarto está mergulhado na escuridao, apenas surge esta luz forte do portatil. Nao tenho sono, e mesmo que tivesse, nao queria ir dormir.

O silêncio permite ouvir uma respiração mais detalhada. Nao quero ir dormir.

Hoje, na missa da Praia do Norte, na ilha do Faial, o Padre Joao gesticulava fortemente os braços na homilia. Estava empenhado no que dizia, e nao pude deixar de lhe seguir o pensamento. A certa altura, ele exclama:

"Porque nós todos, muitas vezes, temos uma fé infantil..! Quantas vezes me veem senhoras e senhores a dizerem que rezaram muito e pediram muito e nao sei mais o quê, e como nao aconteceu o que eles queriam, entao deixavam de acreditar Nele"

As horas nao permitem uma fiel reprodução, mas terá sido muito por volta disto. Foi uma ideia que me tocou bastante. "Fé infantil". Tocou-me na maneira como por vezes tambem deixo de acreditar tao facilmente. Tocou-me porque revi-me logo na figura retratada pelo Sr.Padre.

Por coicidencia (?), hoje à noite tivemos a agradavel companhia do Padre Joao ao jantar, na casa de praia da Faja, um pouco mais abaixo aqui da aldeia da Praia do Norte. Enquanto a familia ia conversando com os dois seminaristas tambem convidados, aproximei-me do Padre Joao e agradeci-lhe a homilia que tinha dado. Expliquei-lhe que quando um jogador de futebol joga bem, é noticia na primeira pagina, logo... quando um padre fala e nos toca, tambem o deviamos reconhcer. Ele sorriu imenso, olhou-me e disse:

"Muito obrigado, André! Sabes... todos nos temos muitas vezes uma fé infantil."

Lembrei-me entao de uma frase que eu tinha dito ao Tiago, ontem, durante uma das nossas viagens entre Horta-Praia do Norte: "Deus escreve direito por linhas tortas".

Acho que é isso que dá a "piada" ao estilo como Deus actua. Se tudo caisse do ceu, de nada valeria lutar, e seriamos todos uns "encostados à poltrona". Percebi que nao é facil seguir o caminho, sabendo que uma queda ou recuo ou algo parecido significa sempre um avanço ainda maior. Temos, ou tenho, a tendencia a desistir ao fim da queda, e pensar que so vale a pena ficar quieto no meu lugar. Ter fé infantil, é, afinal de contas, tao simples.

Antes de eles dormirem, comentámos que andavamos a orar muito pouco, para uma tripla como esta. Aqui fica, entao, a nossa oraçao desta noite:

"Senhor,

queremos-Te seguir,

construir a nossa casa sobre a rocha,
sorrir ao estranho que passa,
na certeza de que tambem Estás lá.

Para que no meio do mundo dos Franciscano
s nos dês certezas...
... para que no meio do mundo dos engenheiros biológicos nos dês confirmações...
... para que no meio do mundoo dos matemáticos nos dês resultados...

Oramos-Te"


2 comentários:

Anónimo disse...

Por vezes paramos... e pensamos... mas o que é que eu estou aqui a fazer??... então, seguimos em frente e a resposta vai surgindo, sem precisarmos de procurá-la.
Há sempre uma razão para tudo! =)

Tiago Krug disse...

Obrigado pela tua sensibilidade!
E pelas nossas partilhas e por olhares por mim e deixares que olhe por ti também.
Obrigado por teres rezado por todos nós naquela noite em que me deixei descansar enquanto o tentava fazer! =)

Anjos, são aqueles que são Seus mensageiros! Ainda há alguma dúvida de que alguns escondem as asas e andam cá por baixo? =)

Aliás! Eles até voam! Olha só a foto! =P

Coedes!