sexta-feira, 26 de maio de 2006

Entrevista

João Pedro (http://steadfastintsoldier.blogspot.com) , 17 anos. Está no 4ºgrau de Teclado no Instituto Gregoriano de Lisboa e 5º de Formaçao Musical. Foi o meu primeiro entrevistado para este blog (ok, a verdadeira razão era que eu precisava de uma entrevista para Portugues). Tentei fazer perguntas com as quais ele pudesse desenvolver temas que necessitam de ser discutidos. Essencialmente: Portugal e a Música. Obrigado, João!

Como te surgiu a paixão pela música?
Curiosamente, NINGUÉM na minha família é músico, e não há pessoas com qualquer tipo de aptidão musical. Logo, não fui influenciado por amigos ou familiares. A minha paixão pela música surgiu por volta dos 4 ou 5 anos, quando descobri uma cassete com uma sinfonia de Beethoven, e passava os dias a ouvi-la, em casa. Lembro-me que fiquei muito triste porque, uns tempos depois, de tanto ouvir a cassete, rasguei a fita e o meu pai colou-a com fita cola… Mas, mesmo assim, a 9ª sinfonia ficou interrompida a meio! Fiquei muito triste, porque só aos 8 anos é que tive o meu primeiro leitor de CD’s e o primeiro CD de música clássica. Foi também aos 8 anos que comecei a tocar piano.

Como concilias o tempo da música com a escola?
Na verdade, conciliar as duas coisas é bastante difícil. Porque a música não são só as aulas, se assim fosse era bastante fácil… Estudar música envolve IMENSO tempo de treino em casa e uma dedicação enorme. Tanto que, às vezes, dou por mim nas aulas a mexer os dedos ou a cantarolar peças que estudei recentemente. Na verdade, a minha dedicação à música tem aumentado bastante nos últimos anos, e a música ocupa muito mais tempo do que ocupava. Consequentemente, isso começa a reflectir-se nas notas…

O que achas da importância que os portugueses dão à musica clássica?
Os portugueses não dão, de todo, importância à música clássica, excepto alguns círculos mais restritos, como é o caso dos alunos de música e pessoas com alguma educação musical. Isto porque, em Portugal, há uma grande falta de educação musical: o que faz sucesso são precisamente os grupos que não inovam e os cantores que falam sempre das mesmas coisas.

Qual a tua opinião acerca das musicas que fazem sucesso entre a população portuguesa (D'ZRT, outros artistas rap...)?
Acho que, como disse anteriormente, o que faz sucesso em Portugal são as coisas pouco originais. Os D’zrt e o Toy e o Emanuel e o Toni Carreira e coisas que tais são artistas que, por muito bem que cantem (alguns… Neste caso, excluem-se TOTALMENTE os D’zrt…) e tenham até alguma formação no domínio do instrumento que tocam, na verdade não inovam! Todas as músicas se baseiam sempre na mesma harmonia, não há o sentido de descoberta de novas formas, de novas técnicas… Por isso é que a música parece sempre tão familiar!

Achas que a música clássica está em declinio, em termos de adeptos? Achas que o estado portugues apoia os músicos suficientemente?
A música clássica está, de facto, em declínio nas camadas mais jovens da população. Poucas são as pessoas da nossa idade que ligam à música clássica, e vêem-na mais como “coisas de cotas e de ratos de biblioteca” do que como um estilo de música. Preferem o reggae e o ska e o punk e a música electrónica, e não fazem a mínima ideia de que a música electrónica surgiu na década de 50 com Stockhausen, um compositor clássico. A sociedade em geral atribui muito pouca importância à música clássica, e o estado também não ajuda com iniciativas. Não é de admirar que a música clássica esteja a chegar a este estado deplorável.

3 comentários:

JoaoPedro disse...

Ena! Sou famoso! ;P

Pedro de Arimateia disse...

Famosissimo!

Anónimo disse...

Abençoado seja o meu cd d´"Os Grandes Clássicos: Johann Strauss; Valsas, Polcas e Marchas de Viena O danúbio Azul"
:P
De vez em quando ponho-me a ouvir e invade-me aquela sensação de paz interior, aliada a genialidade do compositor, óbvio.