sábado, 13 de setembro de 2008

Fátima, 11 de Setembro.

Estou na sala de jantar da Casa do Bom Samaritano. Sao 23:52, o telemovel nao mente. Vim há pouco do Santuário, e confesso que fiquei impressionado.

Quando saí de casa, depois do jantar, o sol deitava-se, a noite ia cobrindo a floresta que atravessava. De caderno e caneta na mão, ia para o Santuário escrever um bocado. E assim fiz: no meio do alcatrão, sentei-me, cruzei as pernas, e escrevi. A brisa apertava, tirei o casaco e cobri as pernas. Chegavam grupos de todo o lado para o terço da noite. A Capelinha ja estava bem composta, quando deram inicio à cerimónia. As inúmeras velas davam uma certa piada, e como o frio ja se fazia sentir, levantei-me e fui para junto do "forno" (local onde as pessoas mete as velas).

Enquanto me entretia a ver cera derreter, chegou junto de mim uma senhora com uma vela enorme, mais parecia um taco de baseball. Acendeu, colocou-a no lugar, e ficou a comtempla-la. Deixei-me a comtempla-la tambem. E lembrei-me de ti, avô. Lembrei-me o quanto gostavas de estar naquele local. Lembrei-me que era suposto termos festejado os teus 50 anos de casado e os meus 18 anos (curiosamente no mesmissimo dia) aqui. Lembrei-me que não o chegámos a fazer.

Isso não me impedia, claro, de acender uma vela por ti e pela familia. E assim o fiz. Mas quando comprava a vela, vi tambem aqueles "casulos" que metem para proteger a vela. Comprei e fui juntar-me à multidão que rezava o terço. Não fui capaz de deixar a vela a arder ali, porque isso pareceu tão pouco. Deixei-me ficar.

O terço acabara e ia começar a procissão (pois hoje é quinta feira, dia da semana mais especial, o resto deduzes). Não quis ir. Cheguei-me junto do vidro-parede da Capelinha e olhei Nossa Senhora de Fátima. Estranhei, pois nao sou devoto, mas olhei.

Agradeci. Pelas memórias que partilhei contigo, e com as quais ainda me rio muitas vezes. Pelas pessoas que me marcam e com as quais Vivo diariamente. Pedi por ti, tambem. Tem sido estranho. Lembro-me que quando sai da camioneta que me levou até Fátima, e fui em direção a esta Casa, tu tambem ias ao meu lado, de mochila às costas. E que quando eu me sentava para reflectir, tu tambem o fazias. Fizeste-o?

Não sei. Mas foi óptimo ter-te ali.


André

1 comentário:

Anabela disse...

És fofo!...